v. tr.
1. Reduzir à sujeição ou obediência; subjugar; ter sujeito; prender, segurar.
2. Submeter para sofrer alterações ou modificações.
v. pron.
3. Submeter-se; dobrar a cerviz, render-se; limitar-se; adstringir-se.
Bem, quem nunca se sujeitou, invariavelmente, um dia, em algum momento, por razões totalmente desconhecidas e motivações inimagináveis vai se sujeitar.
A questão está no limite disto. A gente se sujeita a muitas coisas em prol de coisas maiores, tolera, engole sapo por saber que a regra do jogo é essa... sobrevive quem se adapta melhor, quem sabe conceder e quem consegue enxergar por trás disso um objetivo sustentável.
O que pode se tornar um problema, é quando você só se sujeita, quando se adequar ao que o outro deseja de você se torna mais importante do que ser quem você é.
Eu inventei uma relação na minha cabeça e me sujeitei a muitas coisas pra trazê-la para o mundo real. Se eu tivesse sido mais atenta aos sinais, certamente não teria feito minha coluna se curvar tanto.
O fato é que quando esta relação foi sentenciada ao fim definitivo, aconteceu uma explosão de coisas. Primeiro eu quis morrer, depois eu quis matar, então eu passei mal, daí veio uma cena, depois eu aceitei, me conformei... me amargurei um pouco, disse a clássica frase de mulher recalcada então eu fui embora.
Quando eu me dei conta que realmente tinha acabado, eu fui pensar na vida como ela é, e ela é assim:
Independente dos meus erros, eu nunca fui uma escolha, nunca fui assumida, eu sempre fiz parte de um universo paralelo, um pouco sagrado, um pouco mítico mas irreal!
Va lá, estava tudo ali e eu preferi passar por cima, mas a grande verdade é que eu me sujeitei a isso.
Então me sujeitei a ser a outra;
Me sujeitei a ouvir que o meu amor amava a ex mulher;
Me sujeitei as omissões;
Me sujeitei a ser uma espécie de Super Ana Letícia resolvedora de problemas;
Me sujeitei a fragilizar minha saúde;
Me sujeitei a busca-la no aeroporto e ter que esperar 3 dias pra conseguir conversar, e ainda me sujeitei a ouvi-la dizer que eu fui inconveniente por ter aparecido sem avisar pra só dai ouvi-la dizer que entre nós ela não vê a menor possibilidade de nada, que ela não nos vê juntas e que independente do que fosse, nós não ficariamos juntas.
eu fui me sujeitando, me sujeitando e deixando de existir
Foi quando eu acendi um cigarrão e me senti um pouco tola, de certa forma ridícula, inocente... sei lá eu sou essas coisas mesmo. Eu só não sou o que as pessoas esperam de mim, ainda bem. Eu perco o controle com frequência e posso me tornar agressiva, eu sou instável, mas sou o que eu sou e não preciso passar a minha vida me sujeitando a coisas que são boas em 20% do tempo e me detonam nos outros 80%.
Maior do que qualquer tristeza que venha a sentir nos próximos dias é o alívio que eu estou sentindo nesse momento, porque qualquer resolução é infinitamente melhor do que viver as sombras da incerteza.
