segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ao meu eterno Xangô Menino



Me fiz assim volátil.

Assim, com o dom mágico do desaparecimento...

Sou assim, desse jeito, uma fumaça no pensamento longe, uma lembrança no cigarro apagado, um par de pernas a correr pra longe.

Marinheira de inúmeras viagens, coração selvagem lembra?


Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo e nesse bar
Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para ouvir o rádio no carro
Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo
Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente
Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver
Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar meu coração cuidado é frágil;
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"
Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo , vem morrer comigo
Talvez eu morra jovem, alguma curva no caminho, algum punhal de amor traído, completara o meu destino.
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo
Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem
Que outros cantores chamam baby


"A beleza da paixão instantânea, mora no fato dela não sofrer com a ação do tempo"

Já faz uma semana... mas será para a eternidade!

O fato é que já faz uma semana que eu voltei de viagem, e parte de mim ainda não voltou.

Não se sei ficou lá no Recife ou se simplesmente decidiu fazer outro rolê.


Recife é encantadora (a cidade), as pessoas são apaixonantes (de verdade), o clima é agradável (ao menos no inverno), a música é boa, a cerveja é gelada, as ruas são cheias e nelas as pessoas se esbarram sem o menor pudor, novidade pra mim, que moro numa cidade que evita o contato corpo a corpo (bem lembrado João).

Recife me fez olhar a vida (a minha) com outros olhos, me fez querer resolver as coisas, me desapegar e deixar que cada qual siga o seu próprio destino.

Injeção de coragem na veia...

Ganhei uma bússola e novos motivos para me manter honesta.
Ganhei novos objetivos e ferramentas para atingi-los.

Recife continuará a mesma... EU NÃO!

Há algum tempo eu postei o texto "Mude" do poeta/filósofo/gozador/ dionisíaco Edson Marques, decidi reposta-lo com um dialogo, simples e unicamente por refletir exatamente como me sinto agora

Mude
Edson Marques

"Mude, mas começe devagar,
por que a direção é mais importante
que a velocidade.
(Um dia decidi mudar, comprei uma passagem, mudei de idéia...)

Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
você passa.
( Mudei de destino. Fui conhecer ruas que eu ainda não conhecia...)


Tome outros ônibus.
Mude por um tempo o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
( Tomei ônibus ((coisa rara)), tomei taxi ((coisa mais rara ainda)), fiz progressiva no cabelo e acabei de esvaziar o armário de sapatos)


Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque
e ouvir o canto dos passarinhos.
(Tirei dias para caminhar, simplesmente... 13 dias sem carro...)

Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.

(Botei meus óculos escuros e fui compreender que tudo na vida é uma questão de ponto de vista...)

Durma do outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
(Dormi no meio da cama, depois na de solteiro, depois na de casal, depois do lado esquerdo encima do braço esquerdo alheio, depois do lado direito encima do braço direito alheio)

Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.
(Estou matando Cold Case, passei a ler o G1, retomei a leitura de "curvas perigosas" e com certeza vivi um belo romance de inverno.)

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
(Me cansei do confortável e decidi libertar a mim mesma ((e ao outro)) do nosso hábito conjugal. E vou confessar que estou 100kg mais leve . Dormi as 7h mas também às 21h)

Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra lingua.
(Aprendi a dizer cafuçú, e só sei falar isso agora... risos)

Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.
(Me matriculei na Yoga, estou planejando o início de uma dieta equilibrada, experimentei moela, fiz chili com malagueta, e a coxinha do Pith)

Tente o novo todo dia
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor,
A nova vida.
(Estou tentando o novo lado, a nova visão, um jeito novo de dizer a verdade, o prazer de ser quem sou)

Tente
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
(Encontrei novos amigos, e se não novos amores, novas paixões, construí novas relações, reestabeleci contatos...)

Almoçe em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoçe mais cedo,
jante mais tarde, ou vice-versa.
(Almocei na Boa Vista e redescobri o sabor da cabidela, do bolo de rolo, do suco de cajá. Me lembrei que pão integral é uma delícia, me permiti não almoçar)

Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
(Usarei mais canetas azuis do que as pretas, e estou me devendo, ainda mais novos passeios)


Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
(Embora o amor ainda seja outra coisa, estou valorizando ainda mais a paixão instantânea. Talvez esse seja meu jeito de amar...)

Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.
(Comprei duas carteiras novas, desfiz as malas quando cheguei, botei meu carro a venda e estou conversando com a poesia)

Jogue os velhos relógios
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.
(Esqueci de trocar a bateria dos relógios e sequer lembrei de programar o despertador)

Abra conta em outro banco.

Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros,
outros teatros, visite novos museus.

Mude.
(Sou eu ainda, com algumas coisas diferentes)

Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light, mais prazeroso,
mais digno, mais humano.
(E rápida, quero resolver o que posso, o que me cabe, a minha parte... )

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
(Liberdade, se tentar me tirar este gosto da boca, EU MORDO!)

Seja criativo.
(Estou trabalhando nisso quando penso em Dionísia ((minha alfaia))...)

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
(Recife ó você ai... não foi sem destino, mas sem saber o que encontraria)

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.
( O que eu conheci me fez me conhecer melhor..)

O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.

Só o que está morto não muda !
(EU TOU MUITO VIVA!)



terça-feira, 6 de julho de 2010

Não sei "turistar"

Recife me tragou, me absorvou, tirou meu ar.

Depois de 7 dias nesta cidade, já a vejo como uma São Paulo litorânea.

Não fui a praia, não visitei as nações, malemá fui ao Mercado de São José, a Casa da Cultura, muito por cima ( e por fora) vi os prédios antigos, as igrejas de todos os santos e só digo qeu conheço a fundo o Mercado da Boa Vista, porque este é ao lado de minha "casa" e além de vender secos e molhados tem a melhor galinha cabidela do mundo (perdendo para a galinha que minha mãe faz... claro).

O que eu fiz estes dias todos? Vive como as pessoas vivem cá, ou pelo menos como os amigos que diz, a grande diferença é que estou de férias, disposta e disponível para tomar cerveja (a R$2,00 R$2,50) todo dia, o dia inteiro.

Na quinta passada, dia 1, fomos ao espaço "Muda", ao chegar me senti na Vila Madalena, fui assitir a uma pocket-peça. O espaço é um ateliê de moda, muito jeitoso que abre suas portas para a festa da galera. Bom o lugar é coalhado de mentes brilhantes, pessoas engajadas, cults que assitem filmes iraquianos com legenda em francês... QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA.



Fui delicadamente apresentada ao "frontal", conjunto de bares na rua Do Lima, que ganhou esse nome por ficar em frente ao bar "central"... Pasmem, para beber no central, você pagará R$6,00 por uma cerveja gelada, bastou mudar de calçada para que você passe a pagar R$2,60 pela mesma Skol gelada... Graças a democracia, há público para os dois lugares... Eu fico com o Frontal, bebo mais e pago o mesmo tanto.

Sutilezas assim, só a boa e velha Sampa havia me proporcionado.

Sexta o Recife amanheceu Verde e Amarelo, coisa linda... a cidade num instante era um formigueiro, no outro... deserto lamentamos a derrota e "bebemos" o difunto dignamento, é só uma Copa do Mundo... nada além.

Como não sou de ferro, fui conhecer o Recife Antigo, bebi no Zero 1, no Cara e Coroa, conheci o "Pina de Copacabana" (sim o mesmo da música), que mudou de nome, de aspecto e quase de história.
Fui ver o "traga a vasilha", foi a primeira e ultima vez que parei para ouvir Maracatú de Baque Virado por aqui.

Recife está para os batuqueiros, como Meca para os mulçumanos...

No meio do caminho decidi lembrar que não sou batuqueira, mas sou vivenciadora da cultura do baque virado. Assim, me condeno e me absolvo (tudojuntomisturado).

Sábado amanhaceu azul celeste, e com Dieguito Maradona de 4. A cidade fervia, vibrava, fogos por todo canto, parecia final de campeonato, maravilha de se ver.

Fomos ver o jogo na casa de um Espanhol, a tarde, comida tradicional, palavrões em outra lingua, muita cerveja e olha, nem pelo Brasil eu havia torcido com tanto afinco quanto neste Jogo. Pepe (o espanhol) cansado de enloquecer a própria mulher, enlouqueceu todos nós... tudo com muito bom humor... EVER!

Neste dia descobri que o bom daqui é ficar "de bar em bar, de mesa em mesa". Fomos a 4 bares em Olinda, voltamos as 5 da manhã bebados e felizes... Como a vida tem que ser.

Minha maior impressão sobre Recife: Os serviços não funcionam, mas muitas vezes as pessoas valem pelos lugares.

Lembra da praça do Samba? do Kolombolo?

Aqui também tem, no ultimo domingo no Morro da Conceição tem "Samba aos pés da Santa", bem no meio da comunidade.... irado. Foi então que eu entendi que Recife é uma cidade colorida...
Esta foi a minha primeira decepção amorosa aqui: Ele era lindo, alto, estiloso, intelectual e....GAY muito gay, gay de verdade, de corpo alma e voz fina.
Acho que depois desse dia passei a beber (mais).

A seguda passou discreta, a terça chegou negra com afoxé, hip hop e uma breve apresentação do Teatro Oficina, e só terminou ontem ao meio dia quando cheguei em casa, ensopada por conta de uma chuva que decidiu fazer presença.

Quarta-feira virou sábado e eu subi as famooosas ladeiras de Olinda com Eva Duarte. Pedi a ela que me mostrasse o que ela mais gosta na cidade, e assim ela o fez.
Entendi então algumas coisas:
- Não sirvo pra ser turista
- Não gosto de fotografar
-A bodega de véio é o que há
- Eva É patrimônio olindense... e pra mim, a melhor parte de lá!

Recife é muito mais que Boa Viagem, Maracatú, conjunto arquitetônico e tal... Recife é feito de pessoas, sem as quais não haveria a MENOR graça em estar aqui.

Pessoas como Anna, que me mima diariamente com carinhos, denguinhos e coisinhas como esta:



Além de Anna e de Eva, ainda temos o Márcio, Renata, Adri, Pepe, Lice, João ( de quem roubei esta geladeira):




Amigos, tenho saudades de vocês, mas me façam uma gentileza: Avisem a "maínha" que tardarei minha volta...

Estou mundando hoje minha passagem de volta para casa...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Diário de Bordo- Eu tô pras bandas de lá...


Chegar no aeroporto ontem, foi uma verdadeira "Missão Impossível". Me programei para sair do MAL às 18:00 e pegar o ônibus das 18:50 para Guarulhos... graças a Deus eu consegui. O tempo estimado era de 30 minutos, mas por conta de um transito que parecia ter inicio na Marginal do Tietê e terminar em Campos do Jordão, a brincadeira demorou 1:20, conclusão: cheguei no encerramento do vôo, varada de fome, sem tempo nem pra uma coxinha seca de boteco.

Com saída programada para às 21:05, o vôo que me traria ao Recife atrasou 15 minutos. Procedimentos corriqueiros, taxia, prepara decola...

Acompanhada de meu Sancho Pança( tbm conhecido com IPOD), começo minha jornada. Tão companheiro este cara, que na hora da decolagem escolhe " Peixes" de Mariana Aydar para tocar. Juro que me arrepiar.

A viagem transcorreu sem grandes transtornos, só me lamentei não ter levado meu kit "anti crianças", pois pra minha sorte haviam duas, uma na frente gritando sem parar e outra atrás chutando meu assento, a festa acabou quando o serviço de bordo deu início e obrigatóriamente as mesinhas foram abaixadas... Se as janelas não tivem vidro, teriamos crianças moídas para o jantar... (brincadeirinha)

Começamos a sobrevoar o Recife por volta das 0:00, e às 0:10 já estavamos em solo.

Primeiras impressões: QUENTE, QUENTE, QUENTE de suar!

Hora de pegar o taxi, foi quando eum ouvi "MÃOS AO ALTO, ISTO É UM ASSALTO"...
R$ 52,00 pra percorrer 11 km... foi o taxi mais caro que já paguei na vida...masssss não teve jeito.

Já que a corrida era com preço fechado, viemos pela orla, passamos pelo Pina e em 20 minutos chegamos.

E lá estava Anninha me esperando, incrível como os anos não passaram para ela... o papo se esticou até às 2:30 da manhã.
Terminei a noite sendo chupada, picada, saboreada....algo tão fora do sério que o placar foi arrebatador:

Pernelongos 23x04 Lelezinha



Hoje, ainda estou me adaptando ao clima, ao local, estou sonolenta e preguiçosa... reunindo todas as minhas energias para logo mais...

Bom, até amanhã!!!!!

Peixes são iguais a pássaros
Só que cantam sem ruído
Som que não vai ser ouvido

Voa águias pelas águas
Nadadeiras como asas
Que deslizam entre nuvens

Peixes, pássaros, pessoas
Nos aquários, nas gaiolas,
Pelas salas e sacadas
Afogados no destino
De morrer como decoração das casas

Nós vivemos como peixes
Com a voz que nós calamos
Com essa paz que não achamos

Nós morremos como peixes
Com amor que não vivemos
Satisfeitos? mais ou menos

Todas as iscas que mordemos
Os anzóis atravessados
Nossos gritos abafados

Peixes, pássaros, pessoas
Nos aquários, nas gaiolas,
Pelas salas e sacadas
Afogados no destino
De morrer como decoração das casas

Nós vivemos como peixes
Com a voz que nós calamos
Com essa paz que não achamos

Nós morremos como peixes
Com amor que não vivemos
Satisfeitos? mais ou menos

Todas as iscas que mordemos
Os anzóis atravessados
Nossos gritos abafados

(Peixes- Mariana Aydar)